Não tenho formação em letras mas, se não tivesse jogado tudo pro alto e feito mestrado, estaria facilmente trabalhando como redatora ou web writer em alguma agência de publicidade. Até faço uns freelas de revisão por aí quando a fome aperta e a vergonha afrouxa, como diria Seu Madruga.
Quando eu pego algo escrito errado, tenho cacoetes, frio na espinha, fico tentando corrigir as palavras e reajo meio assim:
Claro que podem existir confusões, como essa:
Mas quando, no meio de uma tarde de trabalho árduo, quando você está pensando em passar férias no Caribe tomando margaritas, surge uma atrocidade no seu e-mail, uma mensagem que deveria ter sido escrita por um profissional de renome (ou ao menos alguém que, pelo amor de Deus, sabia que antes da letra M, ou se usa a letra a letra P ou a letra B - e que não existe, no português, a combinação de NP ou NB em uma palavra). Quase desmaiei.
Isso por que, Brasil? Porque não ligam pra quem é que escreve as coisas.
Porque quando contratam alguém, tá no pacote de tarefas da pessoa criar os e-mails disparados para milhões de pessoas, mas não pedem nem pra pessoa escrever um bilhete pra faxineira antes de dar essa tarefa a ela. E aí, surge uma agressão aos olhos como essa:
Soube que o estagiário ficou entre "inbatível" e "inperdível" |
A profissão de redator, aqui no Brasil, é desvalorizada por um único motivo: Todo mundo acha que sabe escrever bem. Então, seguindo essa lógica, por que pagar bem a uma pessoa que faz o que todo mundo consegue fazer? O engano mora nessa questão. Existe gente que estuda, que se especializa, que segue a carreira escrevendo, pensando o que fica melhor esteticamente, que tem uma quantidade de erros de gramática e concordância mais elevado do que os outros, justamente por esse estudo.
Não digo que é uma pessoa especial: com estudo, você pode ser designer, marceneiro, astronauta ou pode escrever bem. Ninguém é incapaz. Mas convenhamos que a língua portuguesa é cheia de pegadinhas e não é todo mundo que consegue se orientar bem ou tem a vocação de escrever.
É por causa disso que encontramos coisas assim por aí:
Produtos com bumbum. Alérgicos, cuidado! |
Isso, o e-mail ali de cima e diversos outros casos são resultado de pouco conhecimento na língua combinado com a teimosia de achar que qualquer um escreve
Hmm, safadinho! |