segunda-feira, 1 de junho de 2015

Borrifadas de amor

Não estou querendo fazer propaganda de nenhuma marca tão cedo aqui no blog.
Mas o que aconteceu é pauta, não tem como não discutir e eu vou falar! Como publicitária e pesquisadora que sou, não tem como me abster.

A campanha de Dia dos Namorados do O Boticário tá rendendo assunto por aí, e sabem por quê?
Porque ela traz casais que não estão de acordo com o que chamam por aí de ~família tradicional brasileira~.
É, então!
Outras marcas já trataram do assunto, como Lacta (na campanha que tem uns beijões, inclusive de homossexuais), e Natura, ou seja, não é novidade.

Falando assim por cima, o comercial traz casais se arrumando para ver os namorados, levando seus presentinhos de O Boticário mas tem um diferencial: Quando os casais se encontram, são formados por uma mulher mais velha e um jovem, um casal homo masculino, um feminino e um casal com um homem mais velho e uma jovem (ninguém nem viu a diferença de idade dos outros casais!).

CHO-CAN-TE!
O comercial não tem nada de absurdo, são pessoas trocando afeto de uma maneira leve e tranquila. MAS CLARO que tem que ter gente absurdamente inconformada com isso. A campanha já teve mais de 120 mil dislikes no Youtube (e mais ou menos 620 mil visualizações, até a última vez que conferi) em menos de uma semana.
O problema nisso tudo está nesse monte de reprovação. Porque é injustificado. Porque é dislike claramente por trazer casais homoafetivos. Porque no ano de 2015 ainda tem gente que se preocupa tanto com a extinção da humanidade, mesmo com casal heterossexual sendo a maioria, mesmo com 7 bilhões (sei que tem mais, mas acho que ainda estamos na casa dos 7) de pessoas no mundo.

Gente, pra quê tanto fiscal amoroso nesse mundo? Estão tratando de afeto, de amor, carinho. No meio desse mundo tão cheio de desgraça, desse mundo caótico, louco, cada vez mais corrido. Trazem algo bonito e quem não respeita (SIM, é falta de respeito ao próximo!) tem que fazer o que? Satanizar.
É bem melhor o comercial que segrega a mulher e faz ela ir buscar cerveja rebolando, né? (Vai, Verão! E não volta, não)
Em 2015, século XXI, Terra, Brasil não podemos mais falar em uma família unificada, em algo considerado tradicional. Porque o que seria tradicional? De acordo com a tradição do quê e de onde? O Brasil tem mistura pra caramba, miscigenação étnica, cultural, religiosa. O mundo tá misturado, a presença de homossexuais (não só os do nosso cotidiano, mas também há um extenso histórico de homossexuais bem sucedidos e inteligentes, tipo o Steve Jobs não gosta de gays, mas ama iPhone? Estamos de olho!).
Quem sou eu ou quem é você na fila do pão para questionar a orientação sexual do outro? Não se questiona por que a pessoa prefere requeijão, não se questiona o motivo de se torcer pra um time ou outro. Por que então raios questionar quem a pessoa quer amar? 
(Eu sei, as comparações estão simplistas, mas só assim pra fazer as cabecinhas funcionarem).

A reação dos chatos de plantão vendo o comercial
A questão principal aqui é: Não adianta chorar. O Boticário fez uma campanha boa, que atinge diversos públicos, que propaga o amor e borrifou amor na cara da sociedade. Os recalcados que procurem a Natura. Ops... não procurem não! Eles também já têm histórico de apoio à causa, né?
Rápido então, procurem a Jequiti, que ainda não tem histórico de apoio ao amor, independentemente de qual gênero ele escolha. Eu mesma disse no Twitter hoje que deviam passar o comercial de novo na TV para cada descurtir recebido na internet. E VAI SER POUCO!

Bônus:
Achei isso em um post, não sei qual a autoria, mas achei digno compartilhar.
Boicote geral, façam petição pra fechar a internet, lindos :*


UPDATE: Hoje, dia 02/06/2015, a página Sensacionalista propôs "virar o jogo" contra os dislikes. As 11:30 da manhã, o vídeo estava com 945.000 visualizações e 122.600 curtidas e 141.000 negativos. Parece uma briga boba, eu sei. Mas acredito que seja importante, uma pequena conquista para todos aqueles que sofrem todos os dias com o preconceito e um conservadorismo tolo.

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